sexta-feira, 14 de março de 2014

Em defesa de um poema sem cabrestos



Pela poesia longe das gaiolas,
pela poesia que cospe fogo,
pela poesia que traz radiolas,
pela poesia que traz o novo.

Pela poesia dita nos bares,
pela poesia que parece míssil.
Pela poesia que vaga nos ares,
pela poesia que não é difícil.

Pela poesia sem ditadores,
pela poesia sem impostores
pela poesia sem panelinhas.

Pela poesia que é pela poesia
e não está participando de rankings,
meu grito é pela poesia de todos os dias.

(David Henrique)

sábado, 8 de março de 2014

08/03



Breve observação do estrago de vossa ausência




Símbolo de criação universal,
seres de intuição paranormal,

flores de aroma especial,
nos perfumam
e nos livram do mal.

Sem a tua presença,
as cores não teriam sentido
e viveriam abandonadas.

As flores não fariam sentido,
e sairiam dos pés murchas.

A lua surgiria assustada,
e alguém a perguntaria:
Qual é o reflexo da tua jornada?

A terra fértil e sozinha,
se sentiria um monte
de nada.

A vida do homem seria vazia,
A força do homem enfraqueceria.

A casa do homem seria vazia,
A luta do homem em vão seria.

A alma do homem seria vazia
O mundo do homem seria vazio.

(David Henrique)

quinta-feira, 6 de março de 2014

Dias de paz, luz e repouso em um feriado chamado carnaval

         Talvez considerem uma atitude árcade usar a fuga da realidade na tentativa de não lembrar os fatos recentes que me afetam de várias formas. Mas é a arma que possuo no momento.  Minha cabeça não para nem enquanto durmo (principalmente enquanto durmo). Sonhos lúcidos, não lúcidos, paranoias, turbilhões de imagens, ideias e pensamentos. Não encontro significados claros ou explícitos. Tudo isso me faz passar muito tempo refletindo sobre o que consigo lembrar, até chegar a um ponto em que a reflexão não avança mais. Pausa. Distraio-me com coisas que aliviam o peso das memórias e neuroses. Conforto-me nos braços de quem penetra meu coração. Volto para este mundo em que se comemora o carnaval. Espalham-se pelas ruas pessoas alegres (ou não), bêbadas, loucas, e etc. De todas as formas e adjetivos possíveis. No momento, o que importa para elas são as pulsações dos ritmos que não deixam ninguém quieto. Carnaval, carnes, avais, carnavais exclusivos dentro de um mesmo carnaval. A música é o que me interessa, a putaria não. Temos várias opções na porta dos ouvidos, desde as mais prazerosas às mais esdrúxulas. Temos também a opção de conhecer o novo, isso me interessa bastante. Isso leva minha mente aonde ela quer chegar, mesmo que por um tempo. Deixo-me ir pelo embalo das ondas sonoras que atravessam o âmago causando êxtase e me lançam às nuvens. Após os deleites, o ciclo diário se refaz. Não fujo exatamente da realidade, permeio outras realidades para não me prender a uma. O mundo não para de girar, cada minuto passado é um pedaço de vida a menos. É preciso correr em busca de vivências para não perder os pedaços que nos restam. A melhor parte da vida se encontra em pedaços aproveitados. Aproveitem enquanto há tempo.

(David Henrique)